Sem propostas, melhor desconstruir o adversário

Eustáquio Libório

É possível que o eleitor brasileiro, nestas eleições, esteja enfrentando dificuldades como nunca antes aconteceu para definir seu candidato a presidente da República. Tal fato é agravado pelas pesquisas de intenção de voto que ora apontam para um lado ora para outro, sendo mais um fator a complicar a escolha do eleitor, sem falar em “mentiras sinceras” e outras nem tanto.

 

Se o eleitor busca novas opções em candidatos que no currículo pelo menos não tenham registros desabonadores, como aqueles que envolvem políticos com a corrupção e outras péssimas práticas relativas aos recursos públicos, a polarização que aí está findou por ofuscar algumas candidaturas que poderiam ser muito boas escolhas, mas que naufragaram no primeiro turno.

 

A busca de informações sobre os candidatos a qualquer cargo eletivo, com a finalidade de balizar o voto e escolher conscientemente o candidato que seja melhor, infelizmente não faz parte do processo de escolha da maioria dos eleitores. Para agravar essa falta de método ainda existe a cultura (?) em boa parte da população de pedir favores ao político que está em campanha na caça de votos.

 

Fica difícil, se não impossível, para esse tipo de eleitor exigir do candidato que não seja corrupto, quando só o fato de ser ficha limpa já é usado como se fosse alguma conquista por parte do político. Este “esquece”, convenientemente, que honestidade no trato com a coisa pública e na vida das pessoas é apenas o mínimo necessário para possibilitar o convívio em sociedade com alguma harmonia.

 

É no mínimo triste assistir às campanhas eleitorais como as vemos hoje. Primeiro pelo exército de disseminadores de notícias falsas que se apossaram das redes sociais e se dedicam a desinformar, a descontruir as candidaturas rivais, seja a partir dessas tais fakes news, seja buscando fatos antigos para ‘’provar” que o candidato X fez isso ou aquilo, mesmo que  tal “fato” não tenha base na realidade. Entramos aí no contexto da pós-verdade, onde a “narrativa” tem mais força que o fato.

 

Se o poder de persuasão do político vinha, tempos atrás, de sua oratória, de sua argumentação, agora o convencimento do eleitor é conseguido com mentiras ou meias-verdades, o que dá no mesmo. Sem falar na omissão daquele que se recusa a participar de debates, por exemplo.

 

Já vi, em outra eleição aqui no Amazonas, uma personalidade política filiada ao PCdoB orando contritamente em uma igreja. Nestas eleições esse tipo de espetáculo oportunista ficou com o candidato indicado pelo presidiário nº 1 do PT. Foi a uma igreja católica e até comungou. Se fez a primeira comunhão não se sabe.

 

No caso dos dois candidatos que estão disputando o segundo turno para a Presidência da República, à falta de propostas novas para apresentar, se limitam – e olha limitação aí -, de um lado, a requentar programas que, já está provado, findam por levar o país a crises como a que vivemos atualmente, com imensos e incontroláveis déficits nas contas públicas. Do outro lado, também não se vê propostas alinhavadas de forma estratégica, com um objetivo a ser cumprido, mas apenas, digamos, amostras, do que poderá ser efetivado.

 

Independente das campanhas eleitorais e de quem será o próximo inquilino do Palácio da Alvorada, o Brasil caminha para a frente, aos tropeços, mas vai em frente. Dois fatos chamam a atenção nestas eleições. O primeiro é pouco se ouvir falar dos marqueteiros que antes ditavam os rumos da campanha a um custo astronômico. Para onde foram? Que por lá fiquem. O outro fato é o baixo custo dessas eleições, apesar da montanha de recursos públicos que foram disponibilizados.

 

O Brasil está mudando para melhor, devagar a gente chega a ser um país civilizado, de verdade.

 

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