Manaus enfrenta “tempestade de areia”

Forte ventania registrada no domingo também destelhou pelos menos três imóveis na capital amazonense
"Tempestade de areia" em Manaus assustou muita gente no domingo. Imagem: reprodução/ redes sociais

Da Redação, com informações da Agência Amazonas

Uma forte ventania foi registrada em Manaus (AM) no último domingo, 5. Os habitantes da cidade, que há meses vêm enfrentando os efeitos das queimadas intensas e, por várias vezes, já viram a capital encoberta por fumaça, agora foram surpreendidos por uma “tempestade de areia”.

A poeira prejudicou bastante a visibilidade e assustou muitas pessoas. Em nota divulgada na noite de domingo, a Prefeitura de Manaus informou que houve pelo menos três ocorrências de imóveis que foram destelhados pela ventania. Veja, abaixo, a íntegra da nota:

“A Prefeitura de Manaus, por meio da Secretaria Municipal de Segurança Pública e Defesa Social (Semseg), informa que, os servidores de plantão na Central 199 (Defesa Civil de Manaus), acionaram as equipes do Corpo de Bombeiros Militar do Amazonas (CBMAM) e Amazonas Energia, na tarde deste domingo, 5/11, para realizarem o atendimento emergencial a três ocorrências de destelhamento na cidade, sendo duas no bairro Lírio do Vale (zona Oeste) e uma no bairro Redenção (zona Centro-Oeste), ocasionadas pela forte ventania.

Conforme o Departamento de Operações (DOP) da Secretaria Executiva de Proteção e Defesa Civil Municipal (Sepdec), vinculada à Semseg, a medida é necessária para que os servidores desempenhem suas atividades com segurança, após a suspensão do fornecimento de energia em ocorrências que envolvam fiação elétrica, chamadas de linha viva.

Após o procedimento, a equipe da Defesa Civil realiza avaliação técnica nas casas danificadas e orienta os ocupantes dos imóveis sobre como proceder depois do destelhamento.

A estrutura física das residências é analisada e também é verificado se representa risco aos moradores, para posteriormente serem tomadas as devidas providências e encaminhamentos.”

Amazonas já está com todos os municípios em situação de emergência

No Boletim da Estiagem divulgado no domingo, todos os 62 municípios do Amazonas já aparecem listados em situação de emergência, com 598 mil pessoas afetadas. Os últimos a entrarem na lista foram Presidente Figueiredo e Apuí, que, passaram a maior parte do período seco dentro da normalidade e, desde 26 de outubro, estavam em estado de alerta. Segundo o boletim, de 1º de janeiro de 2024 até o último sábado, foram registrados 18.735 focos de calor no estado. O recorte fundiário divulgado pelo Governo do Amazonas, indica que 59% desses focos (11.165) ocorreram em áreas federais, 15,65% (2.920) em áreas do estado e 24,52% (4.575) em áreas de vazios cartográficos.

Influência do Pará – Ainda segundo informações do Governo do Amazonas, imagens dos satélites do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que monitoram os focos de queimadas na Amazônia, mostram a grande contribuição de incêndios florestais no Estado do Pará, próximo à região do Baixo Amazonas, na intensificação da fumaça sobre a capital Manaus desde o final de outubro, quando a qualidade do ar na cidade voltou a ficar comprometida.

De acordo com o Inpe, de 26 de outubro, até sexta-feira, 03, 5.305 focos haviam sido registrados no estado do Pará e, em menor intensidade, na Região Metropolitana de Manaus (RMM), onde no mesmo período foram registrados 149 focos.

Apesar da intensificação da fumaça na capital, na sexta-feira, apenas 9 focos foram notificados pelo Inpe na RMM. Na mesma data, 71 focos foram registrados no estado vizinho.

Nos dias 2 e 3 deste mês, o município de Santarém, no oeste do Pará, também foi encoberto por uma densa nuvem de fumaça, o que levou o Ministério Público Federal (MPF) a cobrar explicações dos órgãos de fiscalização ambiental sobre a estrutura existente para o combate a incêndios florestais na região

Em nota compartilhada pelo site G1, a Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Pará (SEMAS), comentou a situação. Veja a íntegra abaixo:

“A Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Pará (SEMAS) informa que o estado reduziu o desmatamento e que em julho, agosto e setembro, registrou o melhor trimestre do ano com a queda de 56%. O Pará não tem confirmação de que a fumaça em Manaus seja proveniente do Estado.

A Semas informa que com o El Niño, o Pará enfrenta período de poucas chuvas e seca. A Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade reforçou o efetivo e ampliou ações de prevenção e combate aos incêndios florestais. Assim, tem alcançado redução das queimadas em extensão de área. Além disso, Corpo de Bombeiros e Defesa Civil realizam mapeamento prévio nos municípios com maior número de focos, atuando com mais de 230 militares no combate às queimadas no estado.”

Ventos – Conforme imagens do satélite GOES-16, fornecidas pela Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA), o fluxo de ventos tem trazido o material particulado em suspensão para a Região Metropolitana de Manaus, que tem encontrado dificuldades em se dispersar devido à ausência de chuvas e calor intenso na região, potencializados pelo El Niño severo deste ano.

“Podemos verificar por imagens dos satélites que todos os municípios, que sofrem influência do Rio Amazonas, que serve como um corredor de fluxo de ventos, até chegar a Manaus, têm sido impactados pela fumaça mesmo sem ter focos de incêndios registrados”, explicou o secretário de Meio Ambiente do Amazonas, Eduardo Taveira.

Com a baixa precipitação, a massa de calor sobre Manaus deve continuar a interferir na qualidade do ar para os próximos dias, uma vez que partículas de fumaça têm encontrado dificuldades em se dispersar nessas condições.

De acordo com levantamento do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), a estação chuvosa no Amazonas, em 2023, está prevista para iniciar no mês de dezembro, podendo ainda ser afetada pela continuidade do El Niño, reduzindo o desenvolvimento vertical de nuvens e os volumes de precipitação, o que pode resultar em um período de chuvas abaixo da climatologia da região.

Prevenção e combate – Desde março de 2023, estão em curso no Amazonas três operações estaduais voltadas para o combate aos focos de incêndio. Além da Operação Tamoiotatá, estão em atuação as Operações Aceiro e Céu Limpo e, desde o dia 11 de outubro, houve a intensificação da presença de forças ambientais e de segurança pública no combate aos focos de queimada na RMM.

Como resultado, segundo o Governo do Amazonas, os focos de calor caíram de 675 – registrados de 1º de outubro a 10 de outubro -, para 194 focos – registrados a partir do dia 11 de outubro até quinta (02/11). Pequenas formações de chuva sobre a região também têm ajudado na redução desses focos.

Na terça-feira (31/10), mais 250 servidores, entre bombeiros, policiais militares, analistas ambientais do Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam) e agentes do Batalhão Ambiental da PM-AM foram enviados para reforçar as ações em Iranduba, Itacoatiara, Manacapuru, Manaquiri, Rio Preto da Eva, Presidente Figueiredo, Careiro Castanho e Autazes.

Outros 116 brigadistas do PrevFogo do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) continuam atuando nas ações de combate na Região Metropolitana.

*Texto atualizado após a publicação para inserir o posicionamento da SEMAS/PA

Entrevistas

Rolar para cima