Queimadas prejudicam o ar e deixam Boa Vista encoberta por fumaça

Capital de Roraima ficou encoberta pela fumaça das queimadas no domingo. Nesta segunda-feira, monitoramento mostrou que ar continuava com a qualidade em nível péssimo
Registro de Boa Vista encoberta por fumaça, em 25 de março,. Foto: Oseias Martins/ Rede Amazônica

Da Redação

Ainda no domingo, 24, a cidade de Boa Vista (RR) ficou encoberta por uma nuvem de fumaça, proveniente de focos de incêndio que ocorrem no estado e também em países vizinhos, como a Guiana, o Suriname e a Venezuela. Já nesta segunda-feira, 25, um monitoramento feito pela Plataforma Selva, da Universidade Estadual do Amazonas (UEA), mostrou que a qualidade do ar na capital de Roraima permanece no nível considerado péssimo.

Medição realizada no início da manhã de hoje, 25, registrou que a qualidade do ar atingiu 221.3 µg/m³ (por metro cúbico) em uma escala que vai 0 a 160 µg/m³. Ontem, 24, Boa Vista chegou a atingir 334.5 µg/m3, segundo registro da plataforma, que monitora em tempo real queimadas e o índice da qualidade do ar na região amazônica.

Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), registraram, até ontem, 1.312 focos de incêndio no mês de março. O recorde, registrado em 2019, foi de 2.433 focos. De janeiro até agora, o Inpe já registrou 3.973 focos de incêndio em Roraima. Na Guiana, dados dos satélites do Inpe mostram que o mês de março atingiu 490 focos de incêndios, ultrapassando o maior registro para o mês, em 2003, quando os dados registraram 472 focos de incêndio.

No Suriname, os dados do instituto mostram que o país vizinho registrou, até o momento, 101 focos de incêndio, ficando próximo do maior registro, também de 2003, quando 112 focos foram monitorados.

Já a Venezuela tem registrados, em março, 9.702 focos de incêndio. Em 2003, foram registrados os maiores números, desde que iniciou o registro, em 1998, o país fechou março com 12.313 focos.

Previsão – Segundo INPE, a previsão do tempo para a tarde desta segunda-feira em Boa Vista é de muitas nuvens com possibilidade de chuva isolada.

O instituto, entretanto, emitiu um alerta de perigo potencial para o estado, com possibilidade de chuva entre 20 e 30 mm/h (milímetro por hora) ou até 50 mm/dia, ventos intensos (40-60 km/h). Baixo risco de corte de energia elétrica, queda de galhos de árvores, alagamentos e de descargas elétricas. O alerta vale até amanhã (26), especialmente para a região sul de Roraima.

14 dos 15 municípios de Roraima estão em situação de emergência

O período seco no estado começou em outubro passado e a previsão é que permaneça até o mês de abril. Os municípios que já tiveram a situação de emergência decretada pelo governo de Roraima foram Amajari, Alto Alegre, Boa Vista, Cantá, Caracaraí, Caroebe, Iracema, Mucajaí, Pacaraima, Rorainópolis, Normandia, São João da Baliza, São Luiz e Uiramutã. Foi o sengundo Bonfim, ao Norte, é o único município que não está em estado de emergência.

No dia 24 de fevereiro, o governo de Roraima já havia decretado situação de emergência em nove municípios, sendo eles: Amajari, Alto Alegre, Cantá, Caracaraí, Iracema, Mucajaí, Pacaraima, Normandia e Uiramutã.

No dia 18 deste mês de março, o governo estadual decretou emergência nos municípios de Caroebe, Rorainópolis, São João da Baliza e São Luiz, localizados ao Sul do estado. O decreto foi assinado pelo governador Antonio Denarium (PP) e foi publicado no Diário Oficial.

Segundo o site g1, para o novo decreto, o governo considerou, entre outras coisas, o agravamento da estiagem nos municípios do Sul do estado, caracterizado por um período prolongado com precipitações abaixo da média histórica, causando diversos impactos negativos, como a escassez de água, que gera prejuízos à agricultura e à pecuária. Além das ocorrências de incêndios florestais e seus consequentes danos à fauna, à flora, às propriedades rurais e às pessoas afetadas.

Os municípios de São João da Baliza e Caroebe tiveram a situação de emergência decretadas pelas prefeituras no dia 5 e 7 de março, respectivamente, mas foram reconhecidos agora pelo governo.

A capital Boa Vista também decretou situação de emergência em 18 de março. O decreto abrange as áreas da agricultura, Defesa Civil, Serviços Públicos e Meio Ambiente na cidade.

Com o novo decreto estadual, fica autorizada a dispensa de licitação, a adoção de medidas para a contratação de pessoal e a mobilização de todos os órgãos estaduais para atuarem na prevenção do desastre. A situação de emergência é válida por 180 dias, ou seja, até o dia 14 de setembro.

Segundo o histórico de dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), foram registrados 4,2 milímetros de chuva em todo o mês de janeiro, 14% do esperado. Em fevereiro, choveu apenas 6,8 milímetros, 21% do esperado.

O Rio Branco, principal rio de Roraima, atingiu a marca de 32 centímetros negativos, o menor nível registrado em 2024, no dia 15 deste mês de março. Por conta disso, municípios do interior tem enfrentado falta de água e a Companhia de Águas e Esgotos de Roraima (Caer), empresa responsável pelo fornecimento, classificou a situação como “crise hídrica”.

De acordo com dados do Programa Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisa espaciais (INPE), dos dez municípios do Brasil com mais focos de calor desde o início deste mês de março, sete são de Roraima. Caracaraí, ao Sul do estado, lidera o ranking, com 299 focos e é seguido de Iracema, com 183, e Cantá, com 170. Os demais municípios são: Nova Maringá (MT), com 123; Corumbá (MS), com 91; e Brasnorte (MT), com 83.

*Com informações da Agência Brasil e g1 RR

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