Segmento de duas rodas mantém produção aquecida em 2022

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As fabricantes de motocicletas fecharam o primeiro trimestre de 2022 com volume produzido 7,8% maior ao registrado em 2021, bem próximo da indústria de bicicletas, que teve alta de 7,1%

Por Margarida Galvão

As fabricantes de motocicletas da Zona Franca de Manaus fecharam o primeiro trimestre de 2022 com 327,1 mil unidades produzidas. O volume é 7,8% maior ao registrado no ano passado. Já a indústria de bicicletas fabricou pouco mais de 183 mil unidades, alta de 7,1% na comparação com o mesmo período de 2021. Os dados são da Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo), que projeta para este ano produzir 1,29 milhão de motocicletas, o que significa um aumento de 7,9% na comparação com o ano passado. Já para as bicicletas, a estimativa é fabricar 880 mil unidades, alta de 17,4% na comparação com 2021.

Em relação aos postos de trabalho, as fabricantes de motocicletas e bicicletas contam atualmente com cerca de 14 mil funcionários no Polo Industrial de Manaus. Segundo a entidade, isso representa um crescimento de quase 6% em relação aos postos de trabalho gerados em 2020. Somando a mão de obra das fabricantes de produtos com os trabalhadores de insumos, são mais de 32,2 mil empregos no PIM, neste segmento.

Quanto ao faturamento do setor, em 2021, o polo de duas rodas alcançou volume de R$ 48,2 bilhões, o que representa 29,4% do total do faturamento do PIM, cujo montante somou R$ 158,62 bilhões, o que representa aumento de 31,9% na comparação com o total apurado pela indústria incentivada da Zona Franca de Manaus.

Foto: Honda/Divulgação

Fabricante japonesa

Uma das responsáveis por esse aquecimento no primeiro trimestre de 2022 foi a Moto Honda da Amazônia, que fabricou mais de 260 mil unidades, o que representa um crescimento de 47%, em comparação com o mesmo período do ano passado, quando a produção foi altamente impactada pela pandemia. O resultado desse ano, conforme a empresa, supera também o primeiro trimestre de 2019, período pré-pandemia, quando 203 mil motocicletas saíram da linha de produção da Moto Honda.

De acordo com o vice-presidente industrial da Moto Honda da Amazônia, Julio Koga, o crescimento nas vendas da Honda no primeiro trimestre de 2022, comparado ao mesmo período de 2021, foi de 47%. Contudo, conforme o dirigente, o primeiro trimestre do ano passado, é uma base de comparação muito baixa, já que foi um período em que a fabricante japonesa enfrentou restrições à produção devido à Covid.  “Para o segundo trimestre, a nossa expectativa segue positiva, mas seguramente o ritmo do crescimento deve ser suavizado”, disse, informando que a fábrica da Honda no PIM possui mais de 7 mil colaboradores diretos, e atraiu 32 fornecedores para Manaus, além de uma ampla cadeira de fornecedores diretos e centenas de fornecedores de serviços em todo Brasil, gerando, no total mais de 100 mil empregos diretos em toda a cadeia.

De acordo com Julio Koga, a demanda pela motocicleta segue aquecida, uma vez que o veículo tem desempenhado um importante papel na mobilidade dos brasileiros. É uma alternativa de transporte rápido, econômico, além da motocicleta apresentar um baixo custo de manutenção. Em um cenário de aumento expressivo dos combustíveis, a economia que a mobilidade em duas rodas oferece se torna ainda maior. “Outro fator também está ligado à utilização da motocicleta para o trabalho, com o crescimento do setor de entregas (delivery)”, sintetizou.

Foto: Divulgação

Números positivos

Outra fabricante do Polo Industrial de Manaus que está apostando em 2022 é a Yamaha que produziu 54.298 motocicletas no primeiro trimestre de 2022, o que representa 9,88% maior que o ano de 2021, quando foram fabricados 48.929 unidades. Atualmente com 2.700 colaboradores, a expectativa da fabricante de motocicletas é que os números de produção e vendas tendem a ser positivos, em especial por conta do crescente aumento dos combustíveis, que enfatiza as vantagens de custo benefício no uso diário da motocicleta. Por outro lado, a empresa aponta que as dificuldades com a logística internacional impostas pela pandemia ainda não foram completamente superadas, e isso deve ser monitorado constantemente.

O Relações Institucionais da Yamaha, Afonso Cagnino, aponta que o mercado de motocicletas vem crescendo gradualmente desde o ano passado, e os números apontados pela Abraciclo correspondem às projeções feitas ainda no ano de 2020. Conforme o executivo, a motocicleta já foi incorporada pelo consumidor brasileiro como veículo ágil para o trânsito urbano, econômico em relação ao consumo de combustível, de baixa manutenção, e é opção de mobilidade urbana, para os deslocamentos e nas entregas, além de ser eficaz como meio de lazer e nas práticas esportivas em autódromos e trilhas off road. “Com isso, a expectativa da fabricante é que os números tendem a seguir em crescimento”, assinalou.

Fábrica da Yamaha em Manaus (AM). Foto: José Paulo Lacerda

Crescimento sustentável

Conforme o presidente da Abraciclo, Marcos Fermanian, depois de passar por um ano conturbado devido à pandemia do coronavírus, o setor de duas rodas apresenta crescimento sustentável neste início do ano. A procura por motos continua aquecida por causa de fatores como a expansão dos serviços de entrega na esteira do crescimento do e-commerce.

Outros fatores que contribuíram, segundo o dirigente, foram maior uso do modal para evitar aglomeração no transporte público, e mais recentemente, a alta dos combustíveis que contribui para atrair mais consumidores para as motocicletas.  “Nos últimos dois anos, o avanço foi exponencial”, frisou.

Além disso, a oferta de crédito continua alta, sobretudo por causa da chegada dos bancos digitais, gerando mais competição no mercado financeiro. 70% das vendas de motocicletas são feitas por meio de pagamento parcelado.

Vale destacar, em torno de 80% da produção de motocicletas do PIM é de baixa cilindrada, de até 160 cm³. São produtos altamente verticalizados e internacionalizados, têm de 90 a 95% de índice de nacionalização. Por isso, dependem menos da importação de peças.

Foto: Ione Moreno

Tecnologia global

Apostando no filão de duas rodas, a BMW Group, sediada na Alemanha, com planta fabril no Polo Industrial de Manaus desde 2016, até hoje é a única empresa do grupo, fora da Alemanha a produzir motocicletas. A fabricante alemã garante estar pronta para oferecer as melhores soluções aos clientes no Brasil e os mesmos produtos com qualidade e tecnologia globais da BMW Motorrad.

O diretor da fábrica do BMW Group em Manaus, Jefferson Dias, disse que o Brasil está entre os sete principais mercados mundiais do grupo, e que brevemente novos produtos estão chegando na planta industrial do PIM, de forma a ampliar o portfólio da multinacional no mercado local e atender novas demandas de clientes, que são o principal foco nessa operação. De acordo com o dirigente, a BMW Motorrad se consolidou na liderança do segmento Premium em 2021, com a comercialização de 11.904 unidades, um aumento de 13,9% em comparação com 2020 (10.447).

Para 2022, as perspectivas da empresa são positivas. A unidade da capital amazonense, responsável pela fabricação de 99% do portfólio de motos BMW Motorrad no Brasil, e com área de aproximadamente 10 mil metros quadrados, recentemente viu sua capacidade de produção aumentar de 10 mil para 15 mil motocicletas fabricadas no ano passado. Para isso, a empresa conta com 199 funcionários, entre efetivos e estagiários.

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