UE planeja limitar preço do gás russo, e Putin ameaça interromper fornecimento

Europa tem acusado a Rússia de usar suprimento de energia como arma em retaliação às sanções ocidentais

União Europeia propôs um teto para o preço do gás natural russo nesta quarta-feira (7), horas após o presidente da Rússia, Vladimir Putin, ameaçar interromper todo o fornecimento caso tal medida fosse tomada, aumentando o risco de racionamento em alguns dos países mais ricos do mundo no inverno no Hemisfério Norte.

A escalada do impasse ameaça elevar ainda mais os preços do gás na Europa, aumentando as contas que os governos da União Europeia estão pagando para impedir que seus fornecedores de energia entrem em colapso e evitar que clientes sem dinheiro congelem nos próximos meses de frio.

A Europa tem acusado a Rússia de usar suprimento de energia como arma em retaliação às sanções ocidentais impostas sobre Moscou por sua invasão da Ucrânia. A Rússia culpa essas sanções pelos problemas de fornecimento de gás, os atribuindo a falhas no gasoduto.

Os ministros de energia da União Europeia realizarão uma reunião de emergência na sexta-feira (9) para discutir como lidar com a crise energética.

“Nós vamos propor um teto para o preço do gás russo… Temos de cortar as receitas da Rússia que Putin usa para financiar esta guerra atroz na Ucrânia”, disse a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, a repórteres.

A Comissão também apresentou outras medidas, incluindo o corte obrigatório no uso da eletricidade durante os horários de pico e um teto para as receitas de energia gerada a partir de outras fontes.

Mais cedo, em um fórum econômico em Vladivostok, Putin antecipou o movimento, alertando que os contratos de fornecimento poderiam ser cancelados e que o Ocidente congelaria “como a cauda de um lobo”, se referindo a um famoso conto de fadas russo.

“Haverá alguma decisão política que contradiga os contratos? Se sim, nós simplesmente não os cumpriremos. Não forneceremos nada se isso contradizer nossos interesses”, disse Putin.

“Não forneceremos gás, petróleo, carvão, óleo para aquecimento – não forneceremos nada”, afirmou o líder russo.

A Europa geralmente importa cerca de 40% de seu gás natural e 30% de seu petróleo da Rússia.

O Grupo dos Sete (G7) países ricos anunciou planos de impor um teto de preço às exportações de petróleo russo na semana passada, em uma medida que também pode restringir a capacidade da Rússia de garantir o envio de navios-tanque para países além do G7.

O aumento nos preços de energia está forçando empresas a reduzirem sua produção e os governos a gastarem bilhões em apoios para amortecer o impacto sobre os consumidores.

Fornecimento de grãos

No mesmo evento em que falou sobre o fornecimento de gás, Putin ameaçou limitar as exportações de grãos da Ucrânia, alegando falsamente que o Ocidente está enganando os países em desenvolvimento ao reter grande parte dos estoques de alimentos destinados a evitar uma crise global de fome.

O presidente russo disse que, sob um acordo de intermediado pela Organização das Nações Unidas (ONU) e a Turquia, apenas dois dos 87 navios, transportando 60 mil toneladas de alimentos, foram destinados ao Programa Alimentar Mundial.

“O que estamos vendo é outra enganação descarada”, afirmou Putin. “É uma enganação da comunidade internacional, um enganação aos parceiros na África e outros países que precisam urgentemente de comida. É apenas uma fraude, uma atitude grosseira e arrogante em relação aos parceiros por quem tudo isso foi supostamente feito”, acusou.

Putin informou que entraria em contato com o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, para discutir a possibilidade de limitar a exportação de grãos e alimentos da Ucrânia. O líder russo acusou os países europeus de agirem novamente como colonizadores.

Ele argumentou que, com a abordagem do Ocidente ao acordo de grãos, “a escala dos problemas alimentares no mundo só aumentará, o que pode levar a uma catástrofe humanitária sem precedentes”. “Espero que a situação eventualmente mude”, ressaltou.

A ameaça do líder do Kremlin expõe o risco de que a Rússia possa minar o acordo de grãos por meio de objeções processuais. Para continuar funcionando, o acordo requer a cooperação de Rússia, Ucrânia, Turquia e ONU, as quatro partes que assinaram o acordo em julho. A Rússia e a Turquia não têm qualquer controle direto sobre o destino dos produtos alimentícios exportados pela Ucrânia para o mercado internacional.

Fonte: Reuters

Entrevistas

Rolar para cima